Num sonho todo feito de incerteza,
De noturna e indizível ansiedade,
É que vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...
De noturna e indizível ansiedade,
É que vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...
Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...
Que até nem sei se as há na natureza...
Um místico sofrer... uma ventura
Feita só de perdão, só de ternura
E da paz da nossa hora derradeira...
Feita só de perdão, só de ternura
E da paz da nossa hora derradeira...
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!
(Antero de Quental )
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